domingo, 16 de março de 2014

Matthew McConaughey: o melhor actor da sua geração? Deixem-me rir!

Matthew McConaughey… O Google tem sempre que me ajudar a escrever o nome dele, porque nunca lá chego sozinho. Mas pelo que ando a ler na internet, talvez tenha finalmente de o aprender.

Stephen Marche, que é aparentemente um romancista, escreveu no site da «Esquire» um artigo cujo título é «MATTHEW MCCONAUGHEY MIGHT BE THE GREATEST ACTOR OF HIS GENERATION» (Matthew McConaughey talvez seja o melhor actor da sua geração). Este artigo foi publicado no dia 1 de Novembro, sendo prontamente partilhado no Facebook da revista «Rolling Stone».

A minha questão para ambas as revistas é: o que é que andaram a fumar? Urtigas do quintal da avó, com toda a certeza… Ainda que quisessem gerar controvérsia, é difícil levar a sério esta opinião com tão poucos argumentos com os quais a sustentar.

Analisemos a questão.

«Dazed and Confused» de Richard Linklater foi o filme no qual o menino de ouro se estreou: e muitos críticos afirmam que este continua a ser o melhor filme e papel que alguma vez fez. O facto é, desde 1993 até 2012, McConaughey atirou-se ao trabalho, entrando em quase meia centena de projectos: e o que é que a maior parte desses projectos tinham em comum? A capacidade mercenária de promover os abdominais do actor.





«Sahara», « Ghosts of Girlfriends Past», «Two for the Money», «Failure to Launch», «Fool’s Gold», «Surfer, Dude», «How to Lose a Guy in 10 Days»…

Para mim todos estes filmes são sinónimos de duas coisas:

1- «Muda de canal! JÁ!»;
 2- «Este gajo é um grande azeiteiro, não achas?».

Epá, se esses filmes foram construídos apenas com o intuito de apelar aos instintos mais primitivos do sexo feminino (por muito que elas o neguem) e definhar as tardes portuguesas de sábado, nesse caso o objectivo parece-me ter sido cumprido.

Não quero com isto dizer que o actor não entrou em projectos com algum valor. Lembro-me nomeadamente, de «Contact», «Amistad» e «Reign of Fire». No entanto, estas foram apenas incursões sem grande peso na conjuntura desmiolada a que alguns dão o nome de «carreira artística». Eu mudar-lhe-ia o nome para «carreira de manequim», uma vez que a artística só apareceu anos depois.

Muitos argumentariam que foi em 2011, com «Lincoln Lawyer». Desde a sua estreia no grande ecrã, Matthew não passou um ano sem fazer pelo menos um filme, e entre 2009 e 2011 tirou férias. Para uma reavaliação da sua posição no mundo e em Hollywood, talvez? Soul-searching? Yoga? Um curso intensivo com Daniel Day-Lewis? Quem sabe…



Facto: desde a sua participação em «Magic Mike», de Steven Soderbergh (que ironicamente, poderá ser o filme que mais glorifica os seus abdominais), as bocas do mundo não se calaram em relação ao relançamento da sua carreira. Seguiu-se «Mud», um bom filme, com um argumento que apelou a um lado do actor que ainda não tínhamos visto: uma paixão mais filosófica e poética do que a lua ou as estrelas poderiam conter. Depois disto entrou em «Dallas Buyers Club» e «The Wolf of Wall Street», que ainda não estrearam num cinema perto de mim, mas pelos quais aguardo ansiosamente, qual puto à espera da abertura de uma loja de doces.

E é por este sentimento, que Stephen Marche o exalta. Quem diria que as pessoas fariam fila para ver «o novo filme do Matthew McConaughey»? E todos eles, aparentemente, bons filmes! Daqueles que te tocam na alma, deixando um sentimento de salvação a percorrer-te o corpo!



Esta ressurreição é louvável a tantos níveis, que já há quem fale na cerimónia dos Oscars, onde o Texano poderá ganhar uma estatueta dourada. Até aceito essa realidade de bom grado: afinal de contas, sou apologista de reconhecer quem trabalha com paixão.

No entanto, o facto de colocarem este homem, numa categoria acima de Philip Seymour Hoffman, Nicolas Cage, Woddy Harrelson, Edward Norton, Brad Pitt, Sean Penn, Robert Downey Jr. e Jim Carrey (vai ver «Man on the Moon», «The Truman Show» e «Eternal Sunshine of the Spotless Mind» antes de abrires a boca) chega a ser insultuoso para quem se dedica a ver e debater a 7ª arte. E estou apenas a incluir actores americanos! O argumento de «ah, ele ao contrário dos outros, não faz blockbusters!» não pega, porque está neste momento a gravar «Interstellar», o próximo filme de Christopher Nolan, realizador de «Inception» e da trilogia «Batman». ~

Eu com este comentário, não estou a tentar negar a complexidade do novo «eu artístico» do McConaughey: estou apenas cauteloso em relação a apoiar esta «nova moda». Neste momento é-se hipster por gostar e glorificar do trabalho dele. Daqui a 2 ou 3 anos pode já não ser bem assim… Está nas mãos dele contrariar as palavras sábias do Stewie Griffin: e neste momento, está num bom caminho.



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