segunda-feira, 10 de março de 2014

Crítica – Phone Booth – 2002 – Joel Schumacher

Stu, um relações públicas de «gente famosa», vai a uma cabine telefónica ligar à mulher que está a tentar engatar para ser sua amante. Termina a chamada.

O telefone toca.

«Desliga-o e morres.», diz «A Voz» do outro lado.

Era tão giro se «A Voz» da Casa dos Segredos fizesse algo do género…

 Collin Ferrel, no papel de Stu, é genuíno: nem por um segundo duvidamos da existência deste homem no nosso mundo. Nasceu no Bronx, cresceu, fez pela vida e hoje tem contactos suficientes para andar a passear pela rua vestindo fatos italianos e cobrando favores.

 Nesta altura, o ator irlandês era um dos talentos mais promissores e requisitados de Hollywood, e este (por favor, canta a próxima palavra) thriller que saiu (adiado devido a incidente similares aos do filme) no pós 11 de Setembro, veio revalidar o seu carisma e star-power: da mesma maneira que «Lethal Weapon» o fez para Mel Gibson na década de 80.

  O lugar do espectador é ao lado d’ «A Voz» que ouvimos não distorcida através de um telefone, mas nítida, como se estivesse perto. Juntos, julgamos Stu. Vemos os seus movimentos e de tudo o que o rodeia.



Além de nos colocar no papel de juízes, o realizador, Joel Schumacher (The Phantom of the Opera, Batman & Robin), dá-nos também o privilégio de observarmos em tempo real o que se passa nos «bastidores» da trama através de uma montagem bem conseguida de vários eventos que decorrem em simultâneo no ecrã.

 Embora 70 dos 80 minutos do filme sejam passados no mesmo quilómetro quadrado, a câmara está em constante movimento, aparecendo nos ângulos mais improváveis e nunca aborrecendo de todo. Isto, conjugado com a energia de Ferrel, uma performance segura do grande Forest Whitaker e uma moral desconcertante (se bem que muitas vezes ambígua) tornam «Phone Booth» uma experiência agradável.

 «A Voz» é um conceito que está integrado no nosso dia-a-dia: vê tudo, sabe tudo e condena impiedosamente, dando uma parca margem de manobra. Ou simplesmente nomeando para o próximo domingo.

 O guião foi escrito 20 anos antes do filme ter sido feito: talvez nessa altura tivesse sido mais vanguardista, mas hoje cai em desuso. «Die Hard With a Vegeance» é um melhor exemplo contemporâneo da utilização dada a este conceito.

A falha mais gritante na história será mesmo o porquê de Stu ser o escolhido deste vigilante: não haveria ninguém pior? Afinal de contas, muitos dos «pecados» deste são quase banais em comparação com a escória que muito possivelmente ocupa o resto das ruas de Manhattan.

«Phone Booth» não é o tipo de filme que se sinta a necessidade de regressar para compreender. O seu objectivo é criar suspense, elevar Ferrel e deixar alguns aspectos técnicos interessantes (o prólogo é especialmente delicioso): nada mais.

A banda-sonora não é memorável, o diálogo tem bons momentos mas acaba por se arrastar, assim como o último terço da história, onde o clímax é quase atingido, apenas para ser interrompido bruscamente…

 E todos sabemos o quão chato isso é.



 Deus estará no céu, certo? Num sítio alto de onde possa todos observar… De uma janela, talvez? E considera-se que a meio caminho entre o céu e o inferno existe um «purgatório»: uma «caixa», onde os nossos erros são julgados, e, se tivermos força de vontade suficiente, perdoados.

Descrevi o filme, ou estarei errado?


Enfim, sem fazer um grande «estrondo» e de conteúdo fixe, mas tremido, Simon Says that this movie is…



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