domingo, 16 de março de 2014

A SÉRIE PARA TI! – SHERLOCK

«Smart is the new sexy!»

E de facto a elegância, a classe, o charme e o impulso energético que a série da BBC descarrega na nossa corrente sanguínea apenas pode ser descrita como… Fascinante!

Mas não falo do tipo de fascínio que todos sentimos ao aproximarmo-nos da «Toys R’ Us» (ou Toizárâs em bom português) enquanto putos. Com «Sherlock» o fascínio roça o erotismo intelectual…

«Como?», poderás perguntar-te. Com provocações, chicotes, algemas e caricias infindáveis no teu ego… Se gostas de ficar de boca aberta e sentir-te genial com a resolução de enigmas, esta é a série que melhor satisfará o teu fetiche!

Mas deixem-me começar pelo óbvio: Benedict Cumberbatch, também conhecido por «o gajo que faz a voz do dragão (Smaug) no Hobbit». O britânico classicamente treinado em peças de Shakespeare, tornou-se numa das mais jovens promessas de Hollywood com este papel. A sua voz profunda, cara de alienígena e carisma desajeitado provocam histeria feminina cada vez que aparece numa passadeira vermelha.

No papel de Sherlock Holmes, Cumberbatch é irritantemente perspicaz, indesculpavelmente inumano e desajustadamente apático a todo e qualquer sentimento… EXCEPTO a excitação do «jogo» de gato e rato, em que todas as pistas invisíveis ao comum mortal são descobertas pelos olhos do «Deus» da dedução. Elementar, não é?

Mas, acreditem ou não, ele não é propriamente o centro de toda a intriga. A história desenrola-se mais à volta do «grande» Martin Freeman e da sua personagem, John Watson. Destroçado física e mentalmente pela guerra é como o encontramos no princípio da 1ª Temporada.



«Escreve.» diz-lhe a psicóloga. «E sobre o quê? Nada acontece na minha vida.»

E com uma complexa mistura de humor e de céu londrino nublado, John será inesperadamente colocado lado a lado com o destino. Destino esse que aprende mais sobre ele em 15 segundos do que a sua psicóloga num sem número de sessões.

A 1ª temporada é leve, dá-nos espaço para conhecer as personagens e simultaneamente entrarmos no misterioso universo do detective por consulta. É também onde ouvimos e vemos a personificação do mal pela primeira vez: o vilão «mais intimidante de todos os tempos», Moriarty.

Mas a 2ª temporada… é o clímax, o epítome, o apogeu, a gloriosa eja… Ok, acho que já perceberam. 

Quando a estiveres a ver, saboreia demoradamente… Quatro horas e meia de realização ao nível de Danny Boyle e Guy Ritchie! Desafiantes enigmas e ameaças que pairam à volta dos protagonistas tornam-na num fantástico (por favor, cante a próxima palavra) thriller sem barreiras!

Cada temporada tem apenas 3 episódios de hora e meia: ou seja, esta é a série que tu deves escolher para começar a ver a qualquer altura do dia, da semana, do mês ou do ano!

Mas procede cuidadosamente: chegando à 3ª temporada, as coisas descarrilam.

O charme despreocupado e a ambiguidade supra-humana são postas de lado, em troca de uma «buddy comedy» (comédia de amiguinhos) com muito pouca piada e substância. Foi muito pouco entusiasmante testemunhar este desenvolvimento de personagem tão repentino, descurando completamente os mistérios: aliás, chegado ao fim, as únicas questões e mistérios por resolver foram os lançados na mítica 2ª temporada.

Cumberbatch e Freeman estão, com certeza, mais ocupados que nunca, e, talvez por isso, tenham rodado as cenas num número diminuto de localizações… E isso pode ter tido uma influência nada feliz no desenvolvimento da trama.



Não obstante, a maneira inventiva como a câmara se move e a materialização dos pensamentos e raciocínios de Sherlock em pleno ecrã, são magníficos subtextos que pautam toda a série, durante os bons e maus momentos da história.

Os bons e maus momentos… Quase parecem votos de casamento.

Quando crias uma conexão com estas personagens, com a sua maneira de (não) ver «os outros», vais aperceber-te que também tu és assim: sempre à procura de uma nova aventura nos olhos de gente diferente. Ou serei só eu?

«Smart is the new sexy!»


Serás capaz de o negar? Eu não.

Sem comentários:

Enviar um comentário